quarta-feira, 9 de junho de 2010

512.

Ontem voltando pra casa em meio ao frio de todo Junho vi um casal que me chamou a atenção. A menina com um cachecol vermelho, chorava compulsivamente com as mãos no rosto. Sentada no meio fio ela não podia controlar o que estava incontrolável de não olhar.
O cara estava encostado na parede. Não deu pra ver se alguma lágrima havia caido do rosto dele mas seus olhos brilhavam muito no escuro. Ele permanecia ímovel, com um olhar que não expressava nada, mas que pra garota expressava tudo. O silêncio dele era o vazio dela.
No som do choro daquela garota me veio todas as terças feiras que eles fizeram juntos ser mais que uma terça-feira, todas as juras e promessas em que eles assinaram com um beijo digno de registro no cartório, todas as vezes em que ela ficou doente e ele foi cuidar dela, todas as vezes em que ele ficou doente e ela quase cedeu saúde pra ele, me veio todo o barulho acelerado do coração deles quando se conheceram.
Aquele choro mostrava uma história. Aquele choro mostrava que só aquele cara dentre todas as pessoas de Ipanema podia fazer aquela menina sorrir.
O 512 veio, eu o deixei passar. O 512 pára na porta da minha casa. Eu não consegui.
O cara continuava em pé, o casaco dele parecia não cobrir o frio que só piorava. Eu tentei me colocar no lugar daquele cara tão frio. O olhar dele era em um ponto fixo, seguro.
De repente, ela se levantou e parou diante dele. Lágrimas desciam silenciosamente dos olhos enquanto subindo, vinha uma expressão de: Por favor.
Nenhuma reação dele.
Mais lágrimas
Nenhuma reação dele.
Ela soltou, como se fosse efêmera mortal e estivesse pedindo uma nova chance de vida: Pelo amor de Deus.
Não aguentei e começei a chorar. Eu ali, em plena Visconde de Pirajá me peguei chorando e torcendo por um amor que fantasiei ser muito forte.
Aquela garota parecia não ter mais nada pra dizer, eu não conseguia imaginar o que mais ela poderia dizer.
Aquele garoto, indiferente ao pedido mais sincero que já presenciei na minha vida, tirou os cabelos molhados de lágrimas que cobriam o rosto dela e deu um beijo na bochecha.
O 512 chegou. O garoto saiu do beijo direto entrando no ônibus, essa ação veio junto com um suspiro de desespero da menina que parecia chorar gritando agora do lado de fora.
O ônibus foi indo. O olhar dele atravessava as janelas diretamente ao dela que se agaichou aonde estava e não parou de chorar até o ultimo instante em que conseguir acompanhar de dentro do ônibus.
Segundos depois de se sentar na quarta cadeira, ele não aguentou. Desesperadamente ele começou a chorar e chorar e chorar.
Tirou do bolso do casaco um papel amassado.
Era um papel do laboratório Sérgio Franco. Não consegui ver o que estava escrito. Acho que nunca vou descobrir exatamente o que era, mas me pareceu um exame de alguma doença muito séria.
Quando dei sinal pra saltar do ônibus, ele ainda estava chorando agora mais calmo mas não menos intenso.
Cheguei em casa, pulei na cama e fiquei olhando pro teto. Não sabia no que pensar primeiro. Não consiguia organizar nenhum pensamento. Me veio na cabeça um desespero de quem eu amo, partir sem mim. Me veio uma raiva de mim por estar longe dessas pessoas, deixando de estar vivendo o agora dessa vida única longe deles. Me veio um aperto.
Meio sem voz, meio sem cor, peguei o celular disquei o número da minha mãe.
O Alô dela esquentou o meu corpo e o meu apartamento inteiro.
Consigui cair no sono.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Diana

É que quando você fala, parece que alguem aperta o Mudo no mundo em volta e só se ouve sua voz e a batida acelerada do meu coração.

Falar com você é igual andar de montanha russa. O frio na barriga é o mesmo. Basta seu olhar ameaçar encontrar o meu e o chão sai correndo pra longe.

Sei que ninguem morre de amor, mas só se vive de fato com ele.
Eu quero viver a vida inteira amando. Quero pirar de amor. Ter ciumes da sombra que te acompanha aonde eu nao estou. Quero sumir num universo nosso. Quero me perder e me encontrar no seu corpo.

Quero percorrer um caminho que vai nascer, um amor que cabe ao mesmo tempo, eu e você.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sexamor.

Fazer amor. Fazer sexo.
Os dois são sexo, o que difere é o sentimento claro que voce faz no escuro do quarto.
Os dois são amor, o que difere é o que aquela explosão de prazer implode em você.

Com a pessoa amada a palavra pudor some do dicionário.
Sua confiança, sua intimidade, sua segurança com essa única pessoa é quase um sinal verde para seu lado sem vergonha sobressaltar de você e dai sim, todas as fantasias e desejos, se dito em palavras, nojentos, se tornarem provas de amor.

O tempo faz a frequÊncia diminuir, e junto a monotonia, um pedido de tempero.
E como é ridiculo se vestir de algo em que seu amado tem uma tara só pra agradar. Como é uma bagunça se lambuzar de algum doce para aguçar o paladar do prazer. Como da adrenlina fazer em lugares diferentes e proibidos para ter histórias de fogo mais alto.
Como é gostoso transar com a pessoa amada e, logo depois tirar um cochilo abraçados e suados, esperando forças para a próxima vez.
Como é gostosa a sensação de esperar a amada chegar, com camisinhas no bolso, brilho nos olhos e um teclado nas mãos.
Chegou.
Um par.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

santo bate

Sabe quando você conhece alguém que o santo bate e se esbulacha com o seu, a ponto de voce inventar motivos pra ficar o máximo de tempo junto dessa pessoa?
E quando o seu santo percebe que é recíproco, que ela não quer se despedir de você e ter que ir embora esperar o próximo encontro?

Combo. O primeiro beijo junto ao brinde: um sorriso que vem de dentro e preenche o corpo todo no exato momento em que sozinho voce deita na cama pra dormir.

Voce ja tem certo que aquela é A pessoa. Talvez o rosto dela nem é familia ainda mais o nome dela já é um dos que mais sai da tua boca, e pelo tanto que você fala, seus amigos sabem mais dela que voce.
A famosa insegurança de demonstrar primeiro qualquer sentimento é certa tambem. Pra dizer um simples elogio, você se enche de coragem e espera o retorno como se fosse uma resposta certa e única de uma questão de matemática.
O olhar, o toque nas mãos dizem mais que esse texto todo.

O sotaque dela é lindo, o carinho que os dedos dela fazem nos seus tem um efeito de um tranquilizante, e a cara de sono, o bafo da manhã dela são uma delicia nessa época em que tem que ser aproveitada cada segundo, cada milésimo, sem adiantar o tempo abobado que todo casal tem. Esse tempo é a raiz e a planta de uma casa de vários cômodos sendo construida. Um lar concreto e abstrato com portas entreabertas aonde qualquer vento abre e expôe.

Certo e Par.

É tão estranho alguém que gosta de ser solteiro. Tudo bem que nessa idade é estranho alguem que quer casar mas o beijo, o sexo, perde todo o frio-na-barriga quando são banalizados por pura carência. O que é paradoxal, porque se voce tá carente, é porque não tem um namoro, um relacionamento. Ou tem, de um só lado.

Quando a gente tá com quem a gente gosta, não importa se seu celular acaba a bateria ou se por acaso voce ta sem grana pra sair naquele sabado a noite. O própio sabado a noite muda de sentido. Um filme, uma pizza, é quase um ritual. A coberta cobrindo os dois corpos até que eles percebam que só vão prestar atenção no filme depois de matar aquele tesão e ai sim, apertar o play de novo.

Os próximos finais de semana, os feriados e até o reveillon, mesmo sem destinos, tem uma companhia certa e unica. No auge da paixão, a felicidade nos deixa corajosos e nossos olhos passam a ter um brilho extra, o humor quase sempre esta em alta.

Um picolé, ou um cachorro quente ganho de surpresa pela sua paixão, tem um gosto diferente, é uma delicia.
Até o McDonald's comprado por quem voce ama perde a padronização e fica mais gostoso.

Ninguem além daquele quarto tem graça, nem ali nem alá.
Todas as pessoas mais bonitas ficam atrás da beleza maravilhosa que os olhos do coração enxerga esse companheiro. Tudo nela encanta. Por ela, você se deixar encantar.

Você conhece uma saudade sem distância, pois mesmo do lado da pessoa aquele friozinho de despedida já bate.
Bateu.